quarta-feira, 19 de setembro de 2012

SULA MIRANDA: DE VOLTA AO CAMINHÃO!

Hoje, em meu web programa, "Sala Brasil" (clictv.com.br), ao vivo, entrevistei a cantora Sula Miranda. Claro, já a conhecia de outros tempos. Tempos em que visitei sua família em Vila Velha (sua mãe mora lá), tempos em que ambos éramos da Rede Manchete e ela comandava um programa de tv e tempos que a acompanhei cantando mundo afora (eu, como espectador, claro, né? Senão vocês vão achar que eu fazia back vocal na banda dela, rsrs...).  Bom, hoje tive o prazer de reencontrar uma nova Sula Miranda. Aos detalhes:


Começamos nossa entrevista falando sobre infância, passada no bairro do Ipiranga, em São Paulo.  Sula revelou que naquela época em que todos brincavam de amarelinha, pique bandeira e coisas assim, tão ingênuas na rua, ela sequer aprendeu o que é isso. Filhas de pai militar -e zeloso, as meninas da casa não podiam se dar ao luxo de ficar na rua, ainda mais num centro urbano como São Paulo.   Logo cedo, Sula (que se chamava Suely) juntou-se com a irmã Maria Odete (que mais tarde seria conhecida por todo o Brasil como "Gretchen"), e uma amiga e participaram de um programa de talentos, no Sílvio Santos. Ganharam! O prêmio? Uma bicicleta, que antes, era artigo proibido pelo pai.  Assim, aos doze anos, Sula pode pedalar pela primeira vez. No entanto, a bike ficava na casa de praia e era disputadíssima pelas irmãs e amigas.   "Maria Odete era a desbravadora. A mais pra frente. Ela que abria os caminhos para a gente e por isso, coitadinha, apanhava mais que eu, que era a caçulinha e ainda por cima, com saúde frágil", brinca Sula lembrando os velhos tempos.  No entanto, admite ela, " a disciplina imposta pelo meu pai e também pela minha mãe, foi fundamental em minha vida adulta, pois artista que não tem disciplina, desperdiça talento".  "As Melindrosas" era o nome do conjuntinho formado pelas meninas, que passaram a correr o Brasil inteiro se apresentando, trabalhando nos finais de semana, e jamais participando das brincadeiras de rua, típicas da infância. 


Nesta foto de Diogo Maffioletti, Sula está na Livraria Da Vila, no Shopping Cidade Jardim, onde aconteceu o lançamento do meu livro , "Cadeira de Rodas & Romances Ingleses".

Artista de plantão


Com o fim do grupo "As Melindrosas", Sula voltou a estudar, se dedicar a outras atividades, mas aceitou , um dia, o convite de uma loja para ser "artista de plantão", ou seja, ficar lá, dando pinta, sendo fotografada, atraindo a atenção dos clientes e dando prestígio para a marca.  Foi nesse momento que trocou o nome de Suely, por Sula. Novíssima, ainda estava na casa dos 19 aninhos.  No melhor estilo, " e agora, que rumo vou tomar?" pensou em várias opções para continuar cantando, mas nada lhe agradou mais do que a música sertaneja, que por falar de lugares e situações tão diferentes do centro urbano onde morava, aguçava os sentidos, a curiosidade e a sensibilidade musical da jovem cantora.  Sula logo abraçou a causa, inspiradíssima em uma dupla que marcou para sempre esse tipo de melodia no Brasil: As irmãs Galvão. 


Preconceito

Logo de cara, a jovem Sula encontrou o preconceito pela frente. "Uma moça cantando música sertaneja?" as pessoas se perguntavam. Isso era coisa para dupla de rapazes ou no máximo para mulheres bem comportadas do passado, como as irmãs Galvão ou a própria Adelaide Chiozzo, com sua inseparável acordeom. Mas, uma moça da geração anos 80 cantando música... do sertão? Ah, isso não era bem visto pelas gravadoras. Mas, depois de tres anos tentando, batendo em portas, uma se abriu. Sula pode enfim mostrar sua arte e logo o sucesso a encontrou novamente, e de forma, avassaladora. Ficou conhecida como "A rainha dos Caminhoneiros" e teve que voltar à estrada cantando Brasil afora. Mas , desta vez, com seu próprio staff, ônibus e caminhão - e tudo, cor de rosa!  Coisas de estrela. 


 Sula Miranda e Solange Frasão. Foto Diogo Maffioletti. 

A conversão


"Eu não posso dizer que tinha um vazio em mim. Eu tinha um cheio, dentro de mim!", diz Sula ao explicar que sua busca por Deus não se deu por que lhe faltava algo, mas porque sentia justamente o contrário: Percebia que as coisas lhe eram dadas pelo universo, como saúde, beleza, fama, dinheiro e mesmo assim, as respostas para a sintonia espiritual lhe faltavam.  Era feliz no amor, nos negócios, em família, mas a felicidade  parecia não estar completa, mesmo com tantas bênçãos lhe rodeando. Faltava saber quem era o pai de tantas obras. Sula buscou em várias religiões, desde as mais tradicionais até as mais exóticas, digamos assim.  "Mas foi em Jesus que achei as respostas, Wesley. Daí , como toda nova convertida, quis me jogar de corpo e alma neste novo amor e achei que só deveria cantar músicas de cunho cristão, etc.  Não percebi que meu chamado era ser justamente um exemplo dentro do meu talento e das minhas  músicas. Resultado, desci do caminhão." 


Sula Miranda, Eu e Rita Tristão em um evento no Shopping JK, São Paulo. Foto Antonio Salani.

De volta ao Caminhão!


Por algum tempo, Sula se dedicou as coisas que mais gosta, além da música sertaneja, como decoração. "Adoro derrubar uma parede, mexer com obra, montar e redecorar!", diz ela entusiasmada com o que parece ser seu principal hobby.  "Já emprestei minha propriedade em Campos do Jordão para servir de uma espécie de Casa Cor, para profissionais da área e foi o maior barato. Mas fiquei de olho em tudo!", acrescenta.  Hoje, aos 48 anos com carinha de 28 e corpinho de 18, a bela volta aos palcos e volta ao sertanejo, com um belo CD que traz composições até de Roberto Carlos.  "Não calo quando o assunto é minha fé!", diz Sula em tom que não deixa dúvidas. "Vou continuar cantando sobre amor e temas variados, mas sempre vivendo, demonstrando e cantando também a fé que professo. Tantos artistas fazem isso, por que não eu?"  Sim, ela subiu novamente ao caminhão.  A "Rainha dos Caminhoneiros" retoma sua coroa, seu cetro e seu manto.  A coroa da vivência e sabedoria adquiridas nos últimos anos, o cetro é sem dúvida o inseparável microfone e o manto, é o da coragem de recomeçar. Ou o termo certo seria, como tão bem faz Madonna, "se reinventar"?   Seja como for, Deus salve a Rainha!

2 comentários:

  1. amei a matéria,a cobertura referente a maravilhosa Sula Miranda, gosto demais desta artista multiversátil. ASS Geovani Rodrigues

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